sábado, 9 de janeiro de 2010

Eternamente Yu Yu Hakushô






O primeiro grande sucesso do autor Yoshihiro Togashi teve sua versão animada transmitida pela primeira vez aqui no Brasil em março de 1997 na extinta TV Manchete, tendo uma exibição digna, sem cortes e em um horário acessível. YuYu Hakusho não atingiu o sucesso comercial esperado pela emissora (Mesmo contando com diversos elementos de uma verdadeira febre) e para piorar a situação, a série não foi exibida para todo o país, pois na época a emissora carioca estava passando por uma crise e perdeu diversas retransmissoras.

Ainda assim, as batalhas sobrenaturais de Yusuke ganharam uma base fiel de fãs, tornando-se um clássico da animação japonesa. YuYu aos poucos foi sendo esquecido, principalmente com o surgimento dos grandes "hits" da atualidade. Esse foi o maior erro de determinados otakus. Muita gente gosta dos animes atuais, como Naruto (Tá bom, muita gente odeia também), Death Note ou xxxHolic, e não posso discordar que alguns são bons. Infelizmente, os verdadeiros clássicos são deixados de lado. Particularmente, um clássico dos animes e mangás deve possuir todos os requisitos para ser um "exemplo" de série e DEFINITIVAMENTE, dos novos animes, poucos chegam a mostrar a que veio. YuYu preenche tudo o que é necessário, mesmo com pequenos defeitos, e para saber os motivos, leia o texto abaixo!


Dados técnicos


O ano era 1990. Dragon Ball e Slam Dunk faziam um estrondoso sucesso na Shounen Jump, batendo recordes e mais recordes de vendas. No entanto uma verdadeira novidade estava prestes a estrear na terra do sol nascente: YuYu Hakusho, escrito pelo até então desconhecido Yoshihiro Togashi. O autor, anos mais tarde, conseguiu uma proeza ao lançar seu atual sucesso da Jump: Hunter x Hunter. São poucos os que conseguem emplacar duas séries numa mesma revista. Dizem que Togashi é preguiçoso, principalmente por causa do hiato de seu mangá mais novo, no entanto não sabemos se ele tem problemas de saúde, o que poderia justificar a paciência da Jump com ele, pois se fosse outro, com certeza já teria sido transferido para uma revista de diferente periodicidade, como aconteceu com Katsura Hoshino, autora de D.Gray-Man (Publicado no Brasil pela Panini).

O traço de YuYu é bem feio no começo do mangá, porém vai melhorando aos poucos e atinge a sua melhor fase na saga do Torneio das Trevas, com quadros bem trabalhados e cheios de detalhes. As lutas também são bem criativas, com golpes únicos e momentos épicos. Depois, durante a saga do Capítulo Negro, o enredo manteve o mesmo nível da saga anterior, só que os desenhos pareciam meros rascunhos, sem o esmero do começo do mangá e com a ausência de cenários, inclusive. Essa mudança ocorreu porque a editora obrigou que Togashi continuasse com o mangá, e como ele não gosta de trabalhar com pressão, os fãs é que saíram perdendo. Ao todo, a série teve 19 volumes encadernados no Japão e 38 aqui, uma vez que a JBC optou por lançar no formato meio tankohon.

Já o anime foi produzido pelo tradicional Estúdio Pierrot, famoso por animar Fushigi Yuugi, Blue Dragon entre outros. Dirigido por Noriyuki Abe, a versão animada estreou em 1992 na TV Fuji, disputando o primeiro lugar da audiência com animes como Dragon Ball Z e Doraemon. O desenho conta com uma animação estável e caprichada, o que é algo excelente, afinal o anime teve 112 episódios e nem sempre é possível manter um bom nível durante todo esse tempo. Na trilha sonora, o estúdio também fez um trabalho competente, tirando algumas BGMs que foram usadas de forma equivocada, fazendo com que um pouco de emoção de algumas cenas ficassem sem o clímax esperado.

Ainda tivemos uma dublagem acima da média, feita pela Áudio News, com um show de tradução e adaptação. Frases da época foram introduzidas nos diálogos e é simplesmente impagável ver Yusuke dizendo: "Muita calma nessa hora" e coisas do tipo. Aconteceu uma redublagem quando ia ser exibido pelo Cartoon Network, entretanto a nova dublagem superou a anterior, sendo que o único ponto negativo foi a música original na abertura e nos encerramentos (Elas não são ruins, mas devemos concordar que a versão dublada delas é nostálgica).



"Não conheci o outro mundo por querer!"


Sem dúvida, o grande mérito dessa franquia está na combinação perfeita dos personagens marcantes com uma história inteligente e envolvente, sem mencionar os toques de originalidade, coisa rara nos shounens atuais. Os personagens são simpáticos, com personalidades bem construídas e uma passado interessante. Nem mesmo os antagonistas são comuns, sendo que estes possuem algo peculiar, seja na sua personalidade ou poder. Quanto a história, para começar, acrescente um protagonista diferente do habitual (Um verdadeiro anti-heroi) que decidi salvar a vida de um garotinho. Com isso, Yusuke Urameshi acaba falecendo e o que parecia ser o fim, é na verdade o começo. Para época, foi algo inovador e com isso o mangá foi mostrando um grande potencial, mas o início é mediano.

Yusuke se torna um detetive espiritual e suas missões são divertidas, apresentam os personagens com calma, mas depois que o grupo está formado definitivamente (Junto com Kuwabara, Hiei e Kurama), tudo fica mais interessante. O Torneio das Trevas. Para muitos, um clichê ridículo, usufruído por 9 dentre 10 shounens. Tinha tudo pra ser chato, entretanto Togashi bolou um plot legal pra bendita competição. O vencedor do torneio tem o direito de desejar o seu prêmio e isso já é motivo suficiente para atrair rivais poderosos. O time Toguro é o principal inimigo e para não estragar futuras surpresas, só posso dizer que são os antagonistas mais carismáticos da série. Cada um tem uma personalidade distinta e um passado peculiar. Quanto as batalhas, estas são difíceis, com personagens evoluindo durante a competição e as coisas ficando mais densas a cada vitória. Enfim, surpreendente do início ao fim.

Para aqueles que preferem algo mais elaborado, a saga seguinte, Capítulo Negro, é mais do que obrigação. Lembra bastante Hunter x Hunter, pois aqui as batalhas não são frenéticas e algo mais inteligente é necessário para derrotar os novos adversários. O princpal vilão é Sensui, que é dotado de um senso de justiça admirável e um ódio terrível. Revelações importantes para o andamento do anime são feitas no fim dessa saga, deixando tudo em um ritmo alucinante. Eis que mais um clichê é utilizado: Novamente, um torneio.

Repetição. Essa palavra poderia definir a última saga de YuYu Hakusho, mas algo ainda mais espetacular do que o Torneio das Trevas poderia surgir. Novos personagens continuam sendo inseridos na trama, uma história interessante vai tomando forma e quando tudo prometia acabar de forma digna, Togashi resolve apressar as coisas e a saga do Torneio do Makai torna-se confusa. Poucas lutas emocionantes e um desfecho com sensação de "Poderia ter sido melhor..." torna essa saga a mais fraca de YuYu. Felizmente, o último episódio do anime nos dá uma vontade de assistir mais. Realmente, foi um término excelente, diferente de outros (decepcionantes) que a gente vê por aí.



Pequena recomendação:


Esqueça um pouco as novas animações e assista YuYu Hakusho sem medo! Ele te prende e o melhor: Não menospreza a sua inteligência, sendo que ainda tem inúmeras outras virtudes citadas acima. Séries assim fogem da mesmice, tornando o seu acompanhamento prazeroso. Ainda me arrisco a dizer que essa série é uma das melhores da década de 90, superando, inclusive, seus companheiros de Jump, ficando atrás apenas de Neon Genesis Evangelion.

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